Olá, pessoal!
O
tema de hoje é muitíssimo cobrado por diversas bancas de concursos públicos e de vestibulares. É um assunto clássico e, portanto, TEM DE SER ESTUDADO. Tenho percebido que a matéria que discutiremos agora, de fato, consiste em uma dúvida
quase universal dos concurseiros e dos vestibulandos. Sem mais mistérios, vamos
ao que interessa!
Todo o mundo vê por aí aquele monte de
anúncios de venda/aluguel de bens móveis ou imóveis. Também é declarada, via
propaganda, a necessidade de contratação de funcionários, por exemplo. Na hora
de escrever a mensagem, no entanto, surge a dúvida:
"VENDE-SE CASAS" ou "VENDEM-SE
CASAS"?
"PRECISA-SE DE FUNCIONÁRIOS" ou "PRECISAM-SE
DE FUNCIONÁRIOS"?
E agora? Esse “problema” é, na verdade, um simples
caso de análise do SUJEITO da oração. Na Língua Portuguesa, há cinco tipos de
sujeito: simples, composto, desinencial (oculto), indeterminado e inexistente
(oração sem sujeito). Para a resolução da dúvida levantada no início desta
postagem, vamos passar diretamente para o exame do chamado “sujeito
indeterminado”. Como o próprio nome informa, esse tipo de sujeito não está
claro, mas, sim, indefinido/impreciso. Muitas vezes, não se pode ou não se
deseja indicar o sujeito de uma oração, o qual é tido, por isso, como INDETERMINADO. Esse sujeito ocorre
apenas em duas situações:
A) Com verbo na terceira pessoa do plural, sem referência a nenhum nome já
expresso.
Ex.:
Fizeram muito barulho na festa
de ontem.
B) Com verbo na terceira pessoa do singular + “se”. Esse verbo, no entanto,
precisa ser intransitivo (VI), transitivo indireto (VTI) ou de ligação (VL).
Ex.:
Construiu-se muito nos
últimos tempos.
Quando se diz “fizeram muito barulho” ou
“construiu-se muito”, pode-se entender que ALGUÉM (não sabemos quem) fez
barulho ou que ALGUÉM (também poderia ser “muita gente”, de modo indefinido)
tem construído bastante ultimamente.
O grande “pulo do gato” do sujeito indeterminado é
que, com verbos na terceira pessoa do singular,
é necessário analisar a classificação verbal (se há, necessariamente, VI, VTI
ou VL). Se o verbo pertencer a outra categoria (VTD ou VTDI – ou seja, se tiver
alguma relação com objeto direto), NÃO TEREMOS UM CASO DE SUJEITO
INDETERMINADO, mas outro tipo de sujeito.
Pessoal, antes de entramos no assunto referente às
outras categorias de verbo (VTD ou VTDI na terceira pessoa), é preciso ter em
mente o seguinte: se houver um verbo seguido da partícula “se”, vamos parar
para analisá-lo. Se ele for VI, VTI
ou VL, o sujeito será indeterminado e, por isso, o verbo deverá
permanecer no SINGULAR. Essa partícula, no caso, funciona como um indicativo de
indeterminação do sujeito (é chamada, por isso, de índice de indeterminação do sujeito). Logo,
-PRECISA-SE DE FUNCIONÁRIOS.
(“precisar” = VTI, “de funcionários” = OI), verbo no singular, pois o termo “funcionários” não é o seu sujeito, mas parte do seu objeto indireto (“de funcionários”). O sujeito está indeterminado.
-VIVE-SE BEM.
(“viver” = VI), verbo no singular. Sujeito indeterminado.
(“viver” = VI), verbo no singular. Sujeito indeterminado.
-ERA-SE MUITO FELIZ NAQUELA ÉPOCA.
(“ser” = VL), verbo no singular. Sujeito indeterminado.
(“ser” = VL), verbo no singular. Sujeito indeterminado.
Se o verbo já estiver na terceira pessoa do PLURAL, SEM a partícula “se”, aí não há
dúvida alguma: o sujeito é indeterminado, sem a necessidade de analisar o tipo
do verbo (só é preciso analisar se existir o índice “se” posterior ao verbo).
Se houver, contudo, partícula “se” e, ainda, VTD ou
VTDI, teremos um caso de VOZ PASSIVA SINTÉTICA (com sujeito simples ou
composto). Nessas situações, o verbo deve flexionar-se de acordo com o sujeito
da passiva (singular ou plural):
* VENDE-SE
ESTA CASA =>o sujeito da passiva é “esta casa”.
* VENDEM-SE
CASAS => o sujeito da passiva é “casas” (plural).
Se você tiver um verbo acompanhado do pronome “se” e
ainda estiver com dúvidas no momento da classificação verbal (VI, VTI, VL, VTD, VTDI), pense no seguinte: eu consigo transformar a oração
em uma voz passiva ANALÍTICA (aquela estrutura passiva que é maior)? Se você
conseguir, PARABÉNS! Você tem, então, um caso de passiva sintética (“se” =
pronome apassivador), e não de sujeito indeterminado, já que somente uma oração na voz passiva
sintética ou na voz ativa (com VTD ou VTDI) pode ser transformada em voz
passiva analítica.
Exemplo:
APLICOU-SE A PROVA => A PROVA FOI APLICADA.
(voz passiva
sintética) => (voz passiva analítica)
No exemplo acima, a conversão foi possibilitada pelo
fato de o verbo “aplicar” ser transitivo direto (na voz ativa, ocorre:
“Aplicaram a prova”).
Como a explicação ficou um pouco extensa, segue um resumo para todos nós. Espero que tenham gostado da postagem.
Ainda nesta semana, divulgarei mais matérias de LP para concursos e vestibulares.
Abração.
RESUMINHO BÁSICO PARA A TURMA:
Para que ocorra SUJEITO INDETERMINADO:
Verbo
na terceira pessoa do PLURAL, sem referência a nenhum nome anteriormente
expresso.
Verbo
na terceira pessoa do SINGULAR + “se” (índice
de indeterminação do sujeito), desde que o verbo seja classificado como VI,
VTI ou VL. => Neste último caso, o verbo PERMANECE no singular,
independentemente do termo que o segue.
Ex.: Precisa-se de funcionários.
OBS: Não há como passar a oração
acima para a voz passiva analítica (“Funcionários são precisos”???). O
resultado é, no mínimo, estranho.
Para que ocorra VOZ PASSIVA SINTÉTICA:
Verbos
que sejam classificados como VTD ou VTDI + “se” (pronome apassivador). Neste caso, pode-se passar a oração da voz
passiva sintética para a passiva analítica, normalmente. O verbo deve concordar
com o sujeito paciente; por essa razão, flexiona-se no plural caso o sujeito
também esteja no plural.
Ex.: Alugam-se apartamentos.
↓
Apartamentos são alugados (VOZ PASSIVA ANALÍTICA, com sujeito paciente =
“apartamentos”).
↓
Alugam apartamentos (VOZ ATIVA).
MUITO MUITO MUITO OBRIGADA!!!! Mesmo que não errasse a flexão do verbo, nunca havia entendido essa história de "pronome apassivador". Agora ficou tudo muito claro!
ResponderExcluirOlá, Camila! Tudo bem?
ResponderExcluirQue bom que a minha explicação ajudou a esclarecer um assunto capcioso da nossa gramática! Peripécias da LP são sutis e, ao mesmo tempo, encantadoras.
Grande abraço.
Jaqueline.