quinta-feira, 24 de abril de 2014

“Saiu de casa pai e filho” & “Saíram de casa pai e filho”: concordância verbal

Olá, amigos concurseiros e vestibulandos! Como estão?

Sabemos que o conteúdo de CONCORDÂNCIA VERBAL e NOMINAL sempre é cobrado pelas provas de concursos públicos e de vestibulares. Não é à toa que isso ocorre, galera. No nosso dia-a-dia, tanto na fala quanto na escrita, recorremos (de acordo, ou não, com a norma culta) à concordância verbal e nominal com muita frequência.
Enfim, hoje abordaremos, de maneira mais específica, algumas questões relacionadas à concordância VERBAL, que é – conforme indicado pelo próprio nome da expressão – aquela que ocorre entre o VERBO da oração e o sujeito. Vamos lá!
Basicamente, até o momento em que o nosso sujeito é simples, tudo parece muito fácil: o verbo deve concordar, em número e em pessoa, com o sujeito da oração.
Exemplo:
Os leitores de Gabo se entristeceram com a morte do escritor.
- sujeito: simples, com núcleo na terceira pessoa do plural.
- verbo: terceira pessoa do plural.

As dificuldades começam a surgir a partir do momento em que o sujeito é classificado como COMPOSTO, isto é, quando apresenta dois ou mais núcleos. Nesse caso, o que devemos fazer para estabelecer a concordância entre o verbo e os múltiplos núcleos do sujeito? Muitos podem dizer: “basta concordar com todos os núcleos e deixar o verbo no plural”, mas será que isso é, de fato, suficiente? Se assim fosse, uma ocorrência como Saiu de casa o pai e o filhodeveria estar inadequada, segundo os padrões normativos da variante culta da LP. Afirmo-lhes, no entanto, que a concordância acima está “correta” (como gostam de dizer os puristas), assim como também está adequada a concordância de “Fomos nós quem fez o trabalho de Língua Portuguesa”. Por quê? Com base nisso, vou passar algumas regrinhas que considero como as “mais fundamentais" de concordância verbal.


CONCORDÂNCIA VERBAL:
A) Com sujeito composto antes do verbo:
O verbo concorda com todos os núcleos do sujeito e, dessa forma, flexiona-se no PLURAL.
Exemplo:O pai e o filho saíram de casa”.

B) Com sujeito composto depois do verbo:
Há duas possibilidades: o verbo pode concordar com todos os núcleos do sujeito (flexiona-se no plural, portanto) ou pode concordar apenas com o núcleo mais próximo (fica no singular).
Exemplo: Saíram de casa o pai e o filho” OU “Saiu de casa o pai e o filho”.
No último caso, o verbo “sair” concorda apenas com o núcleo mais próximo (“pai”, ainda que “filho” também seja núcleo do sujeito composto “o pai e o filho”).

C) Com sujeito composto por pessoas gramaticais diferentes:
O verbo deverá ir para o plural da pessoa que prevalece. Quanto à “hierarquia” das pessoas gramaticais, temos o seguinte: a 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª pessoa prevalece sobre a 3ª. Trocando em miúdos, a 1ª pessoa prevalece sobre todas as outras; depois, vem a 2ª e, por último, a 3ª (como em uma ordem crescente normal). Assim, seguem os exemplos:
- Eu e tu, Clarinha, devemos partir logo daqui. → 1ª pessoa do plural (1ª sobre a 2ª).
- Eu e o Carlos queremos organizar uma grande festa à fantasia. → 1ª pessoa do plural (1ª sobre a 3ª).
- Tu e os teus amigos deveis procurar ajuda. → 2ª pessoa do plural (2ª sobre a 3ª).

D) Sujeito = pronome relativo “QUE”:
Nesse caso, o verbo concorda, em número e em pessoa, com o antecedente do pronome. Há, ainda, outras regras, mas essa é a mais frequente.
Exemplos:
Fui eu que falei para vocês ficarem em casa.
Foram eles que preferiram mudar de cidade.

E) Sujeito = pronome relativo “QUEM”:
Diferentemente do item anterior, o sujeito, aqui, deve permanecer – segundo as normas mais tradicionais – na terceira pessoa do singular, uma vez que não estabelece concordância com o antecedente do pronome, mas com o próprio pronome (“quem”), que está na 3ª p. s.
Exemplos:
Fui eu quem mandou o anúncio para você.
Fomos nós quem preparou o jantar de hoje. [PODE SOAR ESTRANHO, MAS É ISSO MESMO!]
Cabe ressaltar que alguns autores já aceitam a concordância do verbo com o antecedente do pronome “quem” (principalmente nos casos em que esse antecedente está no plural). Na dúvida, entretanto, é sempre bom seguir a regra padrão.

F) Com expressão partitiva (parte de, metade de, o resto de, etc.) + nome no plural:
Ocorrem duas possibilidades: o verbo pode concordar com a expressão partitiva (permanece no singular) ou pode concordar com o nome no plural. Nesse caso, depende muito da ideia que se pretende destacar – se noção de parcela, se noção de todo.
Exemplos:
A maior parte dos pais não consegue dizer “não” para os filhos.
A maior parte das crianças de hoje já sabem lidar com as novas tecnologias.

G) Sujeitos correlacionados pelas expressões “não só..., mas também” e “tanto... quanto”:
Na grande maioria das vezes, o verbo vai para o plural.
Exemplos:
Não só a obra literária de Machado de Assis, mas também a biografia dele me encantam.
Tanto as provas da VUNESP quanto as da ESAF costumam cobrar concordância verbal em Língua Portuguesa.

H) Sujeito denota quantidade aproximada:
Com expressões como “cerca de”, “mais de”, “menos de” e similares, o verbo concorda com o substantivo.
Exemplos:
[Mais de] um soldado voltou ferido da guerra.
[Menos de] dois litros de água foram bebidos hoje.
[Cerca de] duzentas mil pessoas já se inscreveram para o concurso.


Pessoal, há muitas outras regras de concordância verbal. Eu apenas explicitei, aqui, as que costumam causar maior confusão. A maioria dos demais casos admite as duas flexões do verbo (singular ou plural), assim como no exemplo de concordância verbal com expressão partitiva + nome plural.
Antes de encerrar o assunto, gostaria de destacar que, ainda que seja imprescindível ter o domínio das normas gramaticais da LP para conseguirmos a tão sonhada vaga nos serviços públicos ou na faculdade, não podemos reduzir o português à gramática. Na verdade, todas essas regras da norma culta são necessárias e devem ser conhecidas, mas elas não são a única variante da língua portuguesa.
Espero ter ajudado.  Bons estudos para nós!
Um abraço.


PLUS!
Exemplo de questão de concordância verbal:

VUNESP-2013 (PC-SP – Agente de Polícia)
(A) A comunicação e a confiança dos filhos serão aumentadas se os pais responderem às perguntas feitas por eles com clareza e simplicidade.  
(B) A comunicação e a confiança dos filhos será aumentadas se os pais responderem às  perguntas feitas por eles com clareza e simplicidade.
(C) A comunicação e a confiança dos filhos será aumentada se os pais  responderem às perguntas feitas por eles com clareza e simplicidade.
(D) A comunicação e a confiança dos filhos serão aumentada se os pais responderem às perguntas feitas por eles com clareza e simplicidade.
(E) A comunicação e a confiança dos filhos serão aumentadas se os pais responderem às perguntas feita por eles com clareza e simplicidade.

Qual resposta está “correta”? Item A. Por quê? Nessa questão, mesclam-se regras de concordância VERBAL e NOMINAL. No que se refere ao tópico que discutimos hoje (conc. verbal), ressalta-se que o sujeito composto [“a comunicação e a confiança dos filhos”] vem ANTES do verbo, que deve flexionar-se no plural para concordar com os dois núcleos do sujeito. A alternativa E também flexionou o primeiro verbo de modo adequado, mas, em “perguntas feita”, há um problema de concordância nominal. Pronto!


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