segunda-feira, 7 de abril de 2014

"Maior", e não "mais grande": a explicação vem do LATIM

Bom dia, pessoal!

Hoje vamos discutir sobre as formas comparativas e superlativas do português.
Na Língua Portuguesa, existem dois GRAUS para os adjetivos: o comparativo e o superlativo. Quando queremos comparar dois seres ou duas coisas, utilizamos o grau comparativo, que, basicamente, pode indicar que esses seres ou essas coisas apresentam qualidades em grau superior, inferior ou equivalente a outro:
a) Joana é MAIS dedicada (DO) QUE Isabela (relação de superioridade).
b) Joana é MENOS dedicada (DO) QUE Isabela (relação de inferioridade).
c) Joana é TÃO dedicada QUANTO Isabela (relação de igualdade).
Existe, ainda, o grau superlativo, que revela que um ser apresenta uma qualidade em nível bastante elevado, como em: “Joana é dedicadíssima” ou “Joana é muito dedicada”.
Enfim, o que eu gostaria de destacar hoje é a existência de quatro adjetivos cujas formas comparativas e superlativas são feitas de maneira diferente. Já disseram para vocês que, segundo as normas da gramática tradicional, é inadequado falar ou escrever “mais bom”, “mais grande”, “mais pequeno” e assim por diante? Por que será que isso acontece?
Sabemos que, com estes quatro adjetivos – “bom”, “mau”, “grande” e “pequeno” –, o comparativo de superioridade e o superlativo ocorrem de modo diferente:


ADJETIVO
COMPARATIVO DE SUPERIORIDADE
SUPERLATIVO ABSOLUTO
SUPERLATIVO RELATIVO
bom
melhor
ótimo
o melhor
mau
pior
péssimo
o pior
grande
maior
máximo
o maior
pequeno
menor
mínimo
o menor

A explicação para essa mudança remete ao LATIM! Como o português (além do espanhol, do italiano, do francês, etc.) é uma língua românica, é natural que haja algumas “heranças” linguísticas de base latina no nosso vocabulário e na estrutura do nosso idioma. No latim, esses quatro adjetivos também formavam o comparativo de superioridade e o superlativo de modo IRREGULAR:

Bonus (BOM) => melior (comparativo de sup.), optimus (superlativo).
Malus (MAU) => peior/pejor (comparativo de sup.), pessimus (superlativo).
Magnus (GRANDE) => maior/major* (comparativo de sup.), maximus (superlativo).
Paruus/Parvus (PEQUENO) => minor (comparativo de sup.), minimus (superlativo).
*PARA REFLETIR:
A palavra “major” (posto militar que equivale, geralmente, ao de oficial superior) é de origem latina e tem conotação de superioridade – no caso, é o posto mais graduado dos suboficiais.

Com os demais adjetivos, apenas ocorria, em latim, o acréscimo do adjetivo e das expressões que designavam igualdade, superioridade ou inferioridade - assim como no português atual.

É isso aí, pessoal! Excelente segundona para todos.

Um comentário:

  1. Vale comentar que é extremamente adequado dizer/escrever:
    "Ele é bom e inteligente; MAIS BOM do que inteligente". Nesse caso, confrontam-se duas ou mais qualidades de um mesmo ser.
    Referência: CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 4 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2007.

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