Olá,
pessoal. Tudo bom? Hoje extraí todos os meus dentes do siso e, por isso, estou
com bastante dor. Mesmo assim, senti-me animada para escrever algumas dicas
práticas de Gramática Normativa para vocês. Vamos lá!
Sabemos
que, quando o assunto é CONCORDÂNCIA NOMINAL, a regra geral é a que prescreve o
seguinte: o(s) adjetivo(s) concorda(m), em gênero e em número, com o
substantivo (núcleo do sintagma) a que se refere(m), como em:
Flores raras. => O adjetivo “raras” concorda, em
gênero (feminino, no caso) e em número (plural) com o núcleo substantivo
“flores” (palavra feminina, no plural).
Até
aqui, tudo parece muito bom e muito simples, não é? Existem, no entanto,
algumas situações um pouco mais complexas, como quando o mesmo adjetivo se
refere a dois ou mais substantivos (ex.: “Tenho por vocês claro respeito e admiração”).
Esse assunto poderá (e deverá!) ser abordado em outra postagem, haja vista a
quantidade significativa de regrinhas para alguns casos semelhantes ao
apresentado. Hoje vamos tratar, mais particularmente, das situações especiais de
concordância nominal.
Concordância
com MESMO, PRÓPRIO, JUNTO, INCLUSO, QUITE e ANEXO:
Todas
essas palavrinhas, quando assumem a função de ADJETIVO, flexionam-se de acordo
com o substantivo a que se referem. Dessa maneira:
- Ela MESMA fará o discurso amanhã.
-
A PRÓPRIA Joana assumiu a culpa pelo atraso.
-
As minhas filhas sempre vão JUNTAS para a escola.
-
Todas as taxas já estão INCLUSAS.
-
É evidente que, a partir de agora, todos nós estamos
QUITES.
-
Os arquivos seguem ANEXOS ao e-mail.
ATENÇÃO
TRIPLA!!!
1)
A palavra “ANEXO”, quando acompanhada da preposição “em”, torna-se invariável.
Assim, “OS ARQUIVOS ESTÃO EM ANEXO” (no
singular mesmo).
2)
A palavra “MESMO”, quando assume o caráter de advérbio (= realmente),
fica invariável. Dessa forma, “NÓS GOSTAMOS DE FRUTAS MESMO”
(= realmente, de fato).
3)
“JUNTO”, quando acompanhado de preposição antecedente (“de”, “a” ou “com”),
fica invariável: “OS DOCUMENTOS SEGUEM JUNTO COM O / DO TERMO
DE RESPONSABILIDADE”.
Concordância
com MEIO e BASTANTE:
Quando
essas palavras funcionam como adjetivos, concordam, em gênero e em número, com
o núcleo substantivo:
a)
O Pedro quis tomar apenas MEIA cerveja hoje
(MEIA = METADE).
b)
Eu tomei vários MEIOS cálices de vinho ontem (vários MEIOS = várias
METADES).
c)
Há BASTANTES pessoas no salão de shows.
d)
Tinha BASTANTE gente prestando o concurso de ontem.
Essas mesmas palavras, contudo, ficam invariáveis quando
assumem o valor de advérbio:
a) Percebi
que a primeira candidata estava MEIO nervosa na entrevista (MEIO
= UM POUCO, UM TANTO).
Aqui, a palavra “meio”, por funcionar como advérbio, não concorda com o substantivo “candidata”.
Aqui, a palavra “meio”, por funcionar como advérbio, não concorda com o substantivo “candidata”.
b) Nós
gostamos BASTANTE de estudar Língua Portuguesa (BASTANTE
= MUITO).
Nesse caso, "bastante" contempla o sentido de intensidade em relação ao verbo “gostar”, ou seja, apresenta o mesmo funcionamento do advérbio intensificador “muito”.
Nesse caso, "bastante" contempla o sentido de intensidade em relação ao verbo “gostar”, ou seja, apresenta o mesmo funcionamento do advérbio intensificador “muito”.
Percebam
que, quando essas palavras estiverem relacionadas ao substantivo, elas serão
variáveis e, portanto, sofrerão flexão de acordo com o próprio núcleo
substantivo a que se referirem. Quando estiverem relacionadas ao verbo,
atribuindo intensidade a ele, deverão permanecer invariáveis, justamente por
adquirirem status adverbial (conforme a própria expressão
indicia, “[ad]vérbio” é o termo que se relaciona com o verbo).
CONCORDÂNCIA
COM “ALERTA” E “MENOS”:
Essas
palavras permanecem invariáveis; por isso, temos o seguinte:
a)
Os soldados estão sempre ALERTA.
b)
Na palestra deste ano, havia MENOS pessoas.
Galera,
aproveito para destacar que, de acordo com a Gramática Tradicional, a palavra
MENAS não deve ser utilizada nunca, ainda que se refira a um substantivo
feminino.
É
só isso. Abraços. Bom final de semana!