Olá, amigos concurseiros e vestibulandos! Como estão?
Sabemos que o conteúdo de CONCORDÂNCIA VERBAL e
NOMINAL sempre é cobrado pelas provas de concursos públicos e de vestibulares.
Não é à toa que isso ocorre, galera. No nosso dia-a-dia, tanto na fala quanto
na escrita, recorremos (de acordo, ou não, com a norma culta) à concordância
verbal e nominal com muita frequência.
Enfim, hoje abordaremos, de maneira mais específica,
algumas questões relacionadas à concordância VERBAL, que é – conforme indicado
pelo próprio nome da expressão – aquela que ocorre entre o VERBO da oração e o
sujeito. Vamos lá!
Basicamente, até o momento em que o nosso sujeito é
simples, tudo parece muito fácil: o verbo deve concordar, em número e em pessoa,
com o sujeito da oração.
Exemplo:
Os leitores de Gabo
se
entristeceram com a morte do
escritor.
- sujeito: simples,
com núcleo na terceira pessoa do plural.
- verbo: terceira
pessoa do plural.
As dificuldades começam a surgir a partir do momento
em que o sujeito é classificado como COMPOSTO, isto é, quando apresenta dois ou
mais núcleos. Nesse caso, o que devemos fazer para estabelecer a concordância entre o
verbo e os múltiplos núcleos do sujeito? Muitos podem dizer: “basta concordar
com todos os núcleos e deixar o verbo no plural”, mas será que isso é, de fato,
suficiente? Se assim fosse, uma ocorrência como “Saiu de casa o pai e o filho” deveria estar inadequada, segundo
os padrões normativos da variante culta da LP. Afirmo-lhes, no entanto, que a
concordância acima está “correta” (como gostam de dizer os puristas), assim
como também está adequada a concordância de “Fomos nós quem fez o
trabalho de Língua Portuguesa”. Por quê? Com base nisso, vou passar algumas
regrinhas que considero como as “mais fundamentais" de
concordância verbal.
CONCORDÂNCIA VERBAL:
A) Com sujeito composto antes do verbo:
O verbo concorda com todos os núcleos do sujeito e,
dessa forma, flexiona-se no PLURAL.
Exemplo: “O pai e o filho saíram de casa”.
B) Com sujeito composto depois do verbo:
Há duas possibilidades: o verbo pode concordar com
todos os núcleos do sujeito (flexiona-se no plural, portanto) ou
pode concordar apenas com o núcleo mais próximo (fica no singular).
Exemplo: “Saíram de
casa o pai e o
filho” OU “Saiu de casa o pai e o
filho”.
No último caso, o verbo “sair” concorda apenas com o
núcleo mais próximo (“pai”, ainda que “filho” também seja núcleo do sujeito
composto “o pai e o filho”).
C) Com sujeito composto por pessoas gramaticais
diferentes:
O verbo deverá ir para o plural da pessoa que
prevalece. Quanto à “hierarquia” das pessoas gramaticais, temos o seguinte: a 1ª
pessoa prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª pessoa prevalece sobre a 3ª. Trocando
em miúdos, a 1ª pessoa prevalece sobre todas as outras; depois, vem a 2ª e, por
último, a 3ª (como em uma ordem crescente normal). Assim, seguem os exemplos:
- Eu e tu, Clarinha, devemos
partir logo daqui. → 1ª pessoa do plural (1ª sobre a 2ª).
- Eu e o Carlos queremos organizar
uma grande festa à fantasia. → 1ª pessoa do plural (1ª sobre a 3ª).
- Tu e os teus amigos deveis
procurar ajuda. → 2ª pessoa do plural (2ª sobre a 3ª).
D) Sujeito = pronome relativo “QUE”:
Nesse caso, o verbo concorda, em número e em pessoa,
com o antecedente do pronome. Há, ainda, outras regras, mas essa é a mais
frequente.
Exemplos:
Fui eu
que falei
para vocês ficarem em casa.
Foram eles
que preferiram
mudar de cidade.
E) Sujeito = pronome relativo “QUEM”:
Diferentemente do item anterior, o sujeito, aqui,
deve permanecer – segundo as normas mais tradicionais – na terceira pessoa do singular, uma vez que não estabelece
concordância com o antecedente do pronome, mas com o próprio pronome (“quem”),
que está na 3ª p. s.
Exemplos:
Fui eu quem mandou o anúncio para você.
Fomos nós quem preparou o jantar de hoje. [PODE
SOAR ESTRANHO, MAS É ISSO MESMO!]
Cabe ressaltar que alguns autores já aceitam a
concordância do verbo com o antecedente do pronome “quem” (principalmente nos
casos em que esse antecedente está no plural). Na dúvida, entretanto, é sempre
bom seguir a regra padrão.
F) Com expressão partitiva (parte de, metade de, o resto de, etc.) + nome no plural:
Ocorrem duas possibilidades: o verbo pode concordar
com a expressão partitiva (permanece no singular) ou pode concordar com o nome
no plural. Nesse caso, depende muito da ideia que se pretende destacar – se noção
de parcela, se noção de todo.
Exemplos:
A maior parte dos pais não
consegue dizer “não” para os filhos.
A maior parte das crianças de
hoje já sabem lidar com as novas
tecnologias.
G) Sujeitos correlacionados pelas expressões “não
só..., mas também” e “tanto... quanto”:
Na grande maioria das vezes, o verbo vai para o
plural.
Exemplos:
Não só a
obra literária de Machado de Assis, mas também a biografia dele me encantam.
Tanto as
provas da VUNESP quanto as da
ESAF costumam cobrar concordância verbal em Língua Portuguesa.
H) Sujeito denota quantidade aproximada:
Com expressões como “cerca de”, “mais de”, “menos de”
e similares, o verbo concorda com o substantivo.
Exemplos:
[Mais de] um soldado
voltou ferido da guerra.
[Menos de] dois litros
de água foram bebidos hoje.
[Cerca de] duzentas mil pessoas já se inscreveram para o concurso.
Pessoal, há muitas outras regras de concordância
verbal. Eu apenas explicitei, aqui, as que costumam causar maior confusão. A maioria
dos demais casos admite as duas flexões do verbo (singular ou plural), assim
como no exemplo de concordância verbal com expressão partitiva + nome plural.
Antes de encerrar o assunto, gostaria de destacar
que, ainda que seja imprescindível ter o domínio das normas gramaticais da LP
para conseguirmos a tão sonhada vaga nos serviços públicos ou na faculdade, não
podemos reduzir o português à gramática. Na verdade, todas essas regras da
norma culta são necessárias e devem ser conhecidas, mas elas não são a única
variante da língua portuguesa.
Espero ter ajudado. Bons estudos para nós!
Um abraço.
PLUS!
Exemplo de questão
de concordância verbal:
VUNESP-2013 (PC-SP –
Agente de Polícia)
(A) A comunicação e a confiança dos filhos serão aumentadas se os pais
responderem às perguntas feitas por eles com clareza e simplicidade.
(B) A comunicação e a confiança dos filhos será aumentadas se os pais
responderem às perguntas feitas por eles
com clareza e simplicidade.
(C) A comunicação e a confiança dos filhos será aumentada se os
pais responderem às perguntas feitas por
eles com clareza e simplicidade.
(D) A comunicação e a confiança dos filhos serão aumentada se os pais
responderem às perguntas feitas por eles com clareza e simplicidade.
(E) A comunicação e a confiança dos filhos serão aumentadas se os pais
responderem às perguntas feita por eles com clareza e simplicidade.
Qual resposta está “correta”?
Item A. Por quê? Nessa questão,
mesclam-se regras de concordância VERBAL e NOMINAL. No que se refere ao tópico
que discutimos hoje (conc. verbal), ressalta-se que o sujeito composto [“a
comunicação e a confiança dos filhos”] vem ANTES do verbo, que deve
flexionar-se no plural para concordar com os dois núcleos do sujeito. A
alternativa E também flexionou o
primeiro verbo de modo adequado, mas, em “perguntas feita”, há um problema de
concordância nominal. Pronto!